sábado, 12 de setembro de 2009

Um poema



O PEIXE

  
Do mar, ao fundo, o sol, em misteriosa aurora, 
Dos corais da Abissínia a floresta alumia, 
Banhando, à profundez da tépida bacia 
A fauna que floresce e a palpitante flora.

E tudo o que do oceano o iodo ou o sal colora 
A anêmona marinha, as algas de haste esguia, 
Põe suntuoso desenho em púrpura sombria 
Na pedra verminosa onde o pólipo mora.

Amortecendo o brilho à retulgente escama, 
Um grande peixe vaga entre a enlaçada rama; 
Da água as ondas, em torno, indolente desfalda.

Mas súbito ele agita a barbatana ardente, 
E à tona do cristal azulado e dormente, 
Corre um rastilho de ouro e nácar e esmeralda!

                                                          Emílio de Menezes




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